Candy ;)
Ah, essa vida de mestranda me impede de postar. Mestranda, dona de casa, etc.
Mas eu precisava escrever este post, antes que perdesse o momento (ou seja, antes que eu voltasse pro Brasil, daqui a 8 ou 9 ou 10 meses). É que eu continuo sem entender os chineses. Eu já consegui superar o trauma de não ter duas bolsas Louis Vuitton, para aqueles que andavam se preocupando com meus impulsos consumistas. O que me intriga, e é o que venho aqui relatar, são os nomes que os chineses se "auto-dão". Eles simplesmente vêm para o Ocidente, e pensam: "Ah, acho que Ming-Jing aqui é um nome muito comum, vou escolher outro!" E aqui escolhem algum nome aleatoriamente. Isso foi motivo de conversa entre os não-chineses do curso recentemente, e um cara que trabalha no departamento expressou sua frustração com o fato de nunca saber quem é quem. Você conhece a pessoa pelo nome inglês dela, mas quando vai olhar listas dos alunos, ou qualquer documento semi-oficial, o que está lá é o nome chinês, mesmo que em letras ocidentais.
Como se já não fosse frustrante o suficiente andar pelas ruas fingindo-se de distraído, para não correr o risco de ser mal-educado com algum colega de classe que irá certamente perceber que você não o reconheceu.
Resumindo, não basta você tentar decorar a cara de 80 pessoas novas e extremamente parecidas, e tentar saber o nome de apenas alguns deles, você ainda deverá saber um segundo nome, o oficial, para ter a mínima idéia de quem está no seu grupo de alguma matéria.
Aprofundando mais um pouco no assunto, mais interessante do que o fato de os chineses escolherem nomes ingleses são os nomes escolhidos. Um conhecido comentou que conheceu uma chinesa chamada Willa, que seria o feminino de William, e perguntou: "será que ela não sabe que ninguém tem esse nome desde o século XVII?" Outros nomes curiosos da minha sala são: Ofélia, Artemis, Ajax (sim, o time na Holanda, mas segundo ele é um herói grego ou algo assim). A grande maioria das meninas chinesas, no entanto, talvez as mesmas que usam Louis Vuitton, têm a curiosa inclinação de escolherem nomes que me parecem muito frequentes entre garotas de programa de filmes norte-americanos. Alguns exemplos: Candy, Angel, Crystal, Mandy...
Alguns mais corajosos resistem bravamente à investida do Oeste contra a cultura chinesa, e não abrem mão de seus nomes chineses. É o caso da Pooi. Ou Po-ei. Ou Poo-e. Eu não sei como escreve. Mas não importa, porque eu sei quem ela é e eu sei como falar o nome dela! Ou soltar algum grunhido que se assemelhe ao nome dela.
Não se pode ter tudo na vida. Não se pode ter duas bolsas, uma carteira, uma echarpe e um tênis Louis Vuitton, um nome inglês, um nome chinês e 8% de crescimento do PIB. O que é vamos ter que sacrificar?
Mas eu precisava escrever este post, antes que perdesse o momento (ou seja, antes que eu voltasse pro Brasil, daqui a 8 ou 9 ou 10 meses). É que eu continuo sem entender os chineses. Eu já consegui superar o trauma de não ter duas bolsas Louis Vuitton, para aqueles que andavam se preocupando com meus impulsos consumistas. O que me intriga, e é o que venho aqui relatar, são os nomes que os chineses se "auto-dão". Eles simplesmente vêm para o Ocidente, e pensam: "Ah, acho que Ming-Jing aqui é um nome muito comum, vou escolher outro!" E aqui escolhem algum nome aleatoriamente. Isso foi motivo de conversa entre os não-chineses do curso recentemente, e um cara que trabalha no departamento expressou sua frustração com o fato de nunca saber quem é quem. Você conhece a pessoa pelo nome inglês dela, mas quando vai olhar listas dos alunos, ou qualquer documento semi-oficial, o que está lá é o nome chinês, mesmo que em letras ocidentais.
Como se já não fosse frustrante o suficiente andar pelas ruas fingindo-se de distraído, para não correr o risco de ser mal-educado com algum colega de classe que irá certamente perceber que você não o reconheceu.
Resumindo, não basta você tentar decorar a cara de 80 pessoas novas e extremamente parecidas, e tentar saber o nome de apenas alguns deles, você ainda deverá saber um segundo nome, o oficial, para ter a mínima idéia de quem está no seu grupo de alguma matéria.
Aprofundando mais um pouco no assunto, mais interessante do que o fato de os chineses escolherem nomes ingleses são os nomes escolhidos. Um conhecido comentou que conheceu uma chinesa chamada Willa, que seria o feminino de William, e perguntou: "será que ela não sabe que ninguém tem esse nome desde o século XVII?" Outros nomes curiosos da minha sala são: Ofélia, Artemis, Ajax (sim, o time na Holanda, mas segundo ele é um herói grego ou algo assim). A grande maioria das meninas chinesas, no entanto, talvez as mesmas que usam Louis Vuitton, têm a curiosa inclinação de escolherem nomes que me parecem muito frequentes entre garotas de programa de filmes norte-americanos. Alguns exemplos: Candy, Angel, Crystal, Mandy...
Alguns mais corajosos resistem bravamente à investida do Oeste contra a cultura chinesa, e não abrem mão de seus nomes chineses. É o caso da Pooi. Ou Po-ei. Ou Poo-e. Eu não sei como escreve. Mas não importa, porque eu sei quem ela é e eu sei como falar o nome dela! Ou soltar algum grunhido que se assemelhe ao nome dela.
Não se pode ter tudo na vida. Não se pode ter duas bolsas, uma carteira, uma echarpe e um tênis Louis Vuitton, um nome inglês, um nome chinês e 8% de crescimento do PIB. O que é vamos ter que sacrificar?